terça-feira, 5 de abril de 2011

As primeiras modelos negras da história da moda

A texana Dorothea Towles Church é considerada a primeira modelo das passarelas de Paris.
Sétima filha de uma família de agricultores americanos, ela se formou em Biologia antes de se mudar para Los Angeles. Lá, fez mestrado em Educação na Universidade do Sul da Califórnia.
Queria ser atriz, mas foi desencorajada pela falta de papeis para atores negros na década de 40. Então, se matriculou numa escola de modelos (foi a primeira negra do curso) e começou a modelar em eventos para negros na Costa Oeste.
Em 1949, quando o coral que sua irmã cantava viajou em turnê para Paris, Dorothea a acompanhou. Lá, começou a trabalhar como modelo e logo chamou a atenção de Christian Dior, que a chamou para substituir uma das modelos contratadas, que saiu de férias.
Durante cinco anos, ela foi tratada como estrela nas passarelas francesas, se tornando umas das principais modelos da década de 1950 e posando em abril de 1953 para a capa da revista JET. Anos depois, a pedido de Dior, pintou seu cabelo de loiro e foi capa da revista Sepia.

 Apesar do sucesso, passou por algumas situações desagradáveis. Quando foi convidada a estrelar a capa da revista Ebony, o estilista Pierre Balmain recusou que ela usasse uma de suas criações, alegando que as clientes brancas ficariam ofendidas. Aí… Com o pretexto que usaria uma roupa numa festa, ela voltou no ateliê do estilista, que emprestou o vestido… E foi para o estúdio fotografar… (hehehe)!
Quando trabalhava para a estilista Elsa Schiaparelli, frequentemente ouvia alguém a descrever como “Taitiana” e não, negra!
Anyway… Nesta época, ela começou a desenhar seus próprios vestidos, a partir de tecidos que ganhava dos estilistas que trabalhava.
Em 1955, quando voltou aos EUA, produziu desfiles para cursos frequentados para negros. Estes desfiles serviram para angariar fundos para a criação da primeira irmandade de mulheres negras em universidades americanas: Alpha Kappa Alpha.
Mais tarde, ela assinou contrato com uma agência de Nova York, onde modelou até conhecer o advogado Thomas Church. Eles se casaram em 1963, tiveram um filho e permaneceram casados até a morte do marido em 2000.
Dorothea morreu seis depois, aos 83 anos, em Nova York, por problemas cardíacos e nos rins.


 The Luna Year
Donyale Luna foi a primeira modelo negra na capa de uma grande publicação americana. Era a edição de janeiro de 1965 da Harper’s Bazaar.
Um ano depois, ela estaria na capa da edição de março da Vogue Britânica. De acordo com o jornal The New York Times, Donyale tinha um contrato de exclusividade com o fotógrafo Richard Avedon.
Num artigo da revista Time (publicação que, em 1954 colocou a primeira negra numa capa, a atriz Dorothy Dandridge) publicado em 01 de abril de 1966, o título “The Luna Year” deixava bem claro o sucesso da moça. No ano seguinte, o fabricante de manequins de loja, Adel Rootstein, criou um modelo feito a imagem de Donyale.
Paralela a carreira de modelo, Donayle se tornou atriz, participando de alguns filmes de Andy Warhool, Federico Fellini, Otto Preminger e em 1972 protagonizou “Salome”, dirigido pelo italiano Carmelo Bene.
Sete anos depois, Donayle morre de overdose. Estava com 34 anos.


 Supermodel
Depois de se formar psicóloga pela New York University, a também americana Naomi Sims bateu na porta de várias agências de modelo, recebendo negativas, com a justificativa que “sua pele era muito escura”.
Até que o fotógrafo Gosta Peterson decidiu coloca-la na capa do Fashion of the Times, suplemento de moda do jornal The New York Times, de 1967. Mesmo assim, sua carreira não decolava.
Aí… Ela conheceu Wilhelmina Cooper, uma ex-modelo que acabara de abrir uma agência. Esta mandou cópias da capa da Fashion of the Times para diversas agências de publicidade. Deu resultado: Naomi estrelou a campanha nacional da empresa de telefonia AT&T (usando roupas do estilista Bill Blass). Um ano depois, seu cachê era U$ 1.000 por semana.
Ela pode ser considerada a primeira supermodel negra na história da moda, aparecendo em outras diversas publicações de moda e outras de apelo mais popular.
Em Novembro de 1968, apareceu na capa da revista Ladies’ Home Journal e ainda ganhou artigo no The New York Times afirmando que ela era o melhor retrato do movimento “Black is Beautiful”.
No ano seguinte, foi a capa de outubro da Life - a mais famosa publicação da época, que declarava que Naomi era a modelo do ano.
Em 1972, Hollywood a convidou para estrelar “Cleopatra Jones”. Ela se empolgou. Contudo, depois de ler o roteiro, ela se negou, afirmando que o filme era muito racista.
Em 1976, ela lançou uma linha de perucas para as mulheres negras, a Naomi Sims Collection. O sucesso resultou na abertura de uma bem-sucedida empresa.
Além das perucas, criou produtos para pele, cabelos e maquiagem para negras, que são vendidos com sucesso até hoje.
Naomi morreu de câncer no seio em agosto do ano passado. Ela estava com 61 anos.



 Vogue
Em 1974, quando completou 82 anos, a Vogue America fez história ao colocar Beverly Johnson na capa. Um ano depois, Beverly estaria na primeira capa negra da Elle America.
Depois disto, o rosto de Beverly esteve em quase 500 outras capas de revista.
A partir daí, naquela época, cada grande estilista americano colocou uma modelo negra no seu casting.
Em seguida, Beverly começou uma carreira de atriz da TV, participando de diversas séries, como “Law & Order” e ”Lois & Clark: The New Adventures of Superman”. Recentemente, ela esteve por duas temporadas no reality series “She’s Got The Look”, onde 36 mulheres acima dos 35 anos competem pelo título de Supermodel “acima dos 35″.
Como sua colega, Naomi, Beverly também lançou uma bem-sucedida linha de perucas, chamada Beverly Johnson Hair Collection.
Um dos romances mais famosos que Beverly teve foi com o ator Chris Noth, o mítico Mr. Big, de “Sex And The City”.
Em 2006, ao lado de Tina Turner, Coretta Scott King e Rosa Parks, Beverly foi uma das premiadas no “Oprah Winfrey’s Legends Ball” – que anualmente homenageia mulheres negras que se destacaram no campo do entretenimento, direitos civis e artes.
O The New York Times a nomeou como uma das mais influentes pessoas da moda no século XX. 


 Maquiagem
O nome de Veronica Webb é mais associado ao fato de ser a primeira modelo negra a assinar um contrato exclusivo com uma grande marca de maquiagem, a Revlon. Mas ela fez muito mais. Foi modelo, atriz e jornalista.
Nas passarelas, desfilou para Chanel, Azzedine Alaia, Isaac Mizrahi, Todd Oldham e Victoria’s Secret.
Foi capa da Vogue, Essence e Elle e por cinco anos, foi colunista da revista Paper. Também escreveu para a Details, Esquire, The London Sunday Times e The New York Times Syndicate.
Como atriz, participou dos dois mais importantes filmes do cineasta Spike Lee “Malcom X” e “Febre na Selva”.
Na TV, ela apresentou programas na MTV, VH1, E! Entertainment, Fashion TV e Fox Entertainment, além correspondente para a HBO News, ”Good Morning America” e da BBC.


 Rock
Fechando com chave de ouro o reinado das primeiras modelos negras da história: Iman.
Seu primeiro contrato como modelo foi na Vogue, em 1976. Em seguida, apareceu em diversas publicações mundiais, estrelou campanhas para Gianni Versace, Calvin Klein, Donna Karan e Yves Saint Laurent e se tornou um dos nomes mais importantes da moda da década de 80.
Nos 14 anos que trabalhou como modelo, ela trabalhou com os principais fotógrafos de moda, como Helmut Newton, Richard Avedon, Irving Penn e Annie Leibovitz.
Quando se casou com o roqueiro inglês, David Bowie, em 1987, lentamente começou a se afastar das passarelas para se dedicar ao marido.
Tentou a carreira como atriz de TV (apareceu na série cult da década de 80 “Miami Vice) e no cinema (“Sem Saída”, ao lado de Kevin Costner e “Entre Dois Amores”, ao lado de Meryl Streep e Robert Redford), mas não decolou.
Em 1994, ela lançou uma linha de maquiagem, produtos de pele e perfumes, a Iman Cosmetics.
Dez anos depois, a empresa se tornou parceira da Proctor And Gamble, mantendo Iman como diretora executiva.
Iman é embaixadora oficial do projeto “Mantenha uma Criança Viva”, que distribui medicamentos para crianças portadoras do HIV/AIDS na África e Índia.

Brasil
Emanuela de Paula acaba de se tornar a primeira modelo negra a sair na capa da Vogue Brasil. Trinta e cinco anos depois de usa chegada ao país, a publicação quebrou um paradigma na edição de janeiro de 2011.


Fonte: mondomoda